Impressionante como as coisas mudam tão radicalmente no curto período de um ano. Em outubro de 2008 houve um único post aqui. Foi um texto de André Comte-Sponville, que vi pela primeira vez no pôster que foi exibido no casamento do meu irmão, no mesmo dia em que defendi meu mestrado, uma semana após a morte do meu pai.
Acho que nunca serei realmente capaz de descrever com propriedade a sensação de perder meu pai. Por mais que tenha sido, até certo ponto, algo previsto com alguns anos de antecedência, ainda assim foi algo para que não pude me preparar.
A verdade é que foi uma época tão conturbada na minha vida que sinto orgulho de, no fim de tudo, ter conseguido permanecer em pé.
Ironicamente, é justamente isso que me persegue agora.
A grande razão pela qual eu tive forças para seguir em frente, para não desistir e não baixar a cabeça, embora estivesse fisicamente longe, nunca estivera tão próxima de mim. Mesmo que fosse apenas um chaveirinho sem graça. Porque aquele chaveirinho era, naquele momento, tudo o que existia de certo e verdadeiro no mundo para mim.
Ainda assim, o tempo foi passando e a falta de contato direto aos poucos foi reclamando sua parcela. E quanto ele finalmente aconteceu, tudo ficou estranho. De repente a conexão que eu sempre achei que suportaria tudo se mostrou frágil. Pior, fragilizada. E agora me assombra a incerteza do que pode acontecer daqui pra frente, pra não falar da sombra do que aconteceu no passado.
Por um lado isso é até bom, essas situações nos levam a reavaliar as atitudes do passado, e assim passamos por aquele crescimento pessoal tão característico das épocas ruins.
Mudei muito nos últimos tempos, mas a pessoa que mais deveria ter visto isso não viu. E agora o que mais temo é ser julgado pelo que eu era, e não pelo que eu sou.
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