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Tuesday, November 20, 2012

(In)Consciência Negra

Hoje, dia 20 de novembro, é dia da Consciência Negra, dia que será oficial em todovo país depois que a Dilma sancionou lei sexta passada. Pra mim, esse dia poderia muito bem se chamar "Dia Nacional do Racismo".

 Quero deixar uma coisa clara logo agora: não, não sou racista. E, se fosse, diria logo na cara, quem me conhece sabe disso. Acontece o seguinte: como já disse o Morgan Freeman, o melhor (único) jeito de deixar o racismo para trás é não falar dele.



Não dá para dizer que não existe racismo se as pessoas precisam de um dia pra pensar sobre a "consciência negra". Isso não acontece por decreto. Isso só tem chance de acontecer através da educação. E não é só através da educação formal, que a gente consegue na escola, mas também daquele tipo educação que anda tão raro hoje em dia, aquela que a gente traz de casa. Os pais largam a educação dos filhos na mão dos outros e o resultado são moleques mimados, mal educados e "politicamente corretos", com um discurso ensaiado de igualdade mas com uma mente corrupta. Educar não é fácil, mas é necessário. Mais ainda, não existe caminho absoluto no que se refere a isso, cada criança aprende de um jeito. Conheço pessoas que apanhavam por qualquer coisa que viraram ótimas pessoas e conheço outras que foram criadas de maneira "pedagogicamente correta" e são verdadeiramente insuportáveis.

Muito se fala que "somos todos iguais", mas escolhem um dia para separar uma "raça" e colocá-la acima das outras. Como se raça existisse! Muito fácil só dizer que raça existe quando favorece este ou aquele setor.

Esta, aliás, é a mesma discussão do "dia da mulher". É estúpido! A igualdade só será alcançada se as diferenças pararem de ser levadas em conta. E isso só vai acontecer quando as pessoas deixarem de dar importância a elas!

É realmente triste que negros tenham sido discriminados através da história. E os judeus, cristãos, árabes, ciganos, homossexuais, velhos, inteligentes, céticos e tantos outros? Tantas pessoas foram perseguidas por tantos motivos, então por quê em só um desses casos se procura tanto compensar isso? O passado é passado, e não vai ser mudado pelo que fazemos no presente. Mas o que fazemos agora vai afetar o futuro, e é isso que é necessário ter em mente. Um dia no qual um certo "tipo" de pessoa é elevado acima das outras é plantar as sementes para mais desigualdade. Criar condições desiguais agora não vai eliminar as desigualdades do passado, mas pode muito bem criar desigualdades no futuro.

Sunday, November 18, 2012

Hipocrisia?

Segundo a wikipédia, há 8 feriados nacionais no Brasil. Destes, 3 são de natureza religiosa. Mas, como a wikipédia não é exatamente uma fonte segura, vamos ver o que fala a Lei n° 10607, de 19 de dezembro de 2002:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o O art. 1o da Lei no 662, de 6 de abril de 1949, passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 1o São feriados nacionais os dias 1o de janeiro, 21 de abril, 1o de maio, 7 de setembro, 2 de novembro, 15 de novembro e 25 de dezembro." (NR)
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3o Revoga-se a Lei no 1.266, de 8 de dezembro de 1950, que declara feriados nacionais os dias que menciona.
Brasília, 19 de dezembro de 2002; 181o da Independência e 114o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Além disso há a Lei n° 6802, de 30 de junho de 1980, que institui o dia 12 de outubro, que também é religioso (Nossa Senhora Aparecida).

Entendo que, em um Estado laico, feriados não deveriam ser baseados em datas específica de alguma religião. Ao mesmo tempo, entretanto, é no mínimo exagerada a reação que vejo por aí contra a ação do MPE de São Paulo contra o "Deus seja louvado" nas notas de dinheiro. Algumas coisas são importantes de serem lembradas aqui:

Primeiro, "um erro não justifica outro". E daí se há feriados nacionais de natureza religiosa? Isso justifica a tal expressão no dinheiro? Quem usa essa justificativa para criticar a iniciativa do Ministério Público é que é o verdadeiro hipócrita.

Segundo, discute-se que "há coisas mais essenciais com as quais se preocupar", como se o Ministério Público só fosse capaz de executar um item de cada vez, como se não houvesse capacidade de agir simultaneamente em vários fronts.

Mas, vamos além disso: o laicismo deve ser completo. É inadmissível que a religião tenha influência sobre as ações do Estado moderno, por mais que a situação tenha sido diferente no passado. É importante lembrar que, embora o estado financie e patrocine coisas como o Museu de Arte Sacra ou orquestras que executem peças religiosas, esses casos incluem o fato de que tais obras são consideradas como arte, e mesmo o mais ferrenho dos ateus pode apreciá-las. São expressão cultural, não manifestação religiosa.

Isso posto, quero deixar claro que feriados nacionais não deveriam ter aspecto religioso, mas deveriam ter aspecto cultural. Mais ainda, algumas datas religiosas são mais arraigadas que qualquer religião, como por exemplo o Natal, que é uma data que precede a tradição cristã.

De qualquer forma, a existência de feriados religiosos reconhecidos pelo governo não pode ser justificativa contra a remoção de uma sentença religiosa do dinheiro. Se tanto, deveria servir para uma iniciativa pela remoção da oficialidade dessas datas.

Wednesday, November 14, 2012

Orgulho e preconceito

Esses dias encontrei um post muito interessante sobre a necessidade que alunos das carreiras de ciências biológicas têm de aprender matemática.

O autor tem alguns pontos muito interessantes, e a opinião dele faz todo sentido. E é preocupante que haja trabalhos científicos publicados com um grau de analfabetismo matemático assustador. Às vezes parece que as pessoas ainda vivem sob o preconceito de que, como biologia e matemática são disciplinas completamente separadas no Ensino Médio, elas devam continuar assim no nível superior.

Mas meu problema com esse post não é a argumentação dele; concordo com ela! Matemática é necessária em todas as atividades. Meu problema com esse post é algo que me incomoda em geral: a língua portuguesa.

Canso de ver todos os dias exemplos de erros absurdos de português, tanto de ortografia quanto de gramática. E, francamente, isso é ainda pior que analfabetismo matemático. Usa-se palavras difíceis, construções complexas e raciocínios elaborados, mas acentos graves continuam sendo mal usados, vírgulas são "tempero a gosto" e erros de ortografia passam despercebidos. Em vez de elaborado, o texto acaba parecendo pretensioso.

É o caso desse texto que mencionei. O autor comete vários erros bobos de gramática, e chega a ser irônico que num post sobre analfabetismo matemático ele acabe se mostrando um exemplar de analfabetismo linguístico.

O título deste post vem da reação do autor a uma observação dessa natureza. Em vez de admitir os erros e corrigi-los, ele preferiu suprimir o comentário.

Triste isso.

Monday, November 12, 2012

"Comunicado de Encerramento" (não é o que parece!)

"Comunicado de Encerramento"...

li essas palavras ainda há pouco, na página de um concurso que estava prestando. Foi curioso ver esse anúncio, mas de certa forma senti uma certa satisfação.

Basicamente a mensagem desse comunicado disse que não houve nenhum candidato aprovado na primeira prova que foi aplicada, e por isso o concurso foi encerrado. Eventualmente ele será iniciado de novo, e supostamente outras pessoas vão se inscrever e, quem sabe, alguém finalmente seja aprovado.

Mas, de certa forma, não posso deixar de dizer:

bem feito.

A prova que foi aplicada forçou a barra. Uma coisa é eu não ter sido aprovado, e eu entendo que isso tenha acontecido porque meus conhecimentos de eletrônica nunca foram grande coisa (uma frustração minha, porque eu sempre quis estudar esse assunto e sempre procrastinei). Mas o ponto é que quando  31 pessoas se candidataram e nenhuma delas passa sequer na primeira prova alguma coisa está errada.

É compreensível que os responsáveis pelo concurso tentem configurar um nível de exigência que eles considerem alto, para ter certeza de que alguém bem qualificado seja selecionado. Entretanto, é necessário levar outros fatores em consideração, pois um exame exigente demais não vai filtrar, mas sim eliminar todo e qualquer candidato. No fim das contas, isso é desperdício de dinheiro público, pois mobiliza uma série de recursos e pessoas para um concurso infrutífero bem como do dinheiro dos candidatos, que pagam uma taxa de inscrição nada simbólica.

Não estou simplesmente ventilando a raiva por não ter passado: tenho consciência de que, se fui mal na prova, a responsabilidade (ou, pelo menos, a maior parte dela) é minha por não ter estudado o suficiente. Mesmo que não estivesse nem remotamente envolvido nesse concurso eu chegaria à mesma conclusão, de que esse concurso não foi levado a sério pelo(s) avaliador(es) responsável(is).

Eu bem que poderia continuar martelando nesse assunto, avaliando qual a função de uma banca de concurso, mas não é esse meu objetivo.

Thursday, May 31, 2012

Princípio da Mínima Ação

Eu sempre achei que seria o caminho natural, depois de fazer Física, fazer um mestrado, um doutorado, eventualmente um pós-doc e conseguir um emprego como docente. Cheguei até a sonhar em dar aula em alguma capital do nordeste, onde eu pudesse morar por perto da praia...

Aos poucos minha perspectiva sobre a pós-graduação foi mudando tudo isso. Já passei por tanta coisa desde a graduação que já não sei mais o que realmente pretendo fazer no futuro. E isso é um problema, já que estou começando a chegar ao fim da linha. Passei os últimos anos observando várias pessoas do meio acadêmico e às vezes a impressão que eu tenho é a de que é pré-requisito ser um neurótico incorrigível para ser docente universitário. Pelo menos, o exemplo que está fisicamente mais próximo é esse.

Eu odeio ser neurótico.

Também percebi que na realidade o que me atrai não é a vida acadêmica em si, embora ela seja atraente sob certos aspectos, mas sim a vida de laboratório, de colocar a mão na massa e mexer em instrumentação, quebrar a cabeça pra resolver um problema. Não ficar discutindo o sexo dos anjos. Ou, pior ainda, insistir no erro enquanto outras pessoas insistem que há uma maneira melhor de fazer as coisas só para, depois de ter perdido meses a fio inutilmente, chegar à mesma conclusão. Isso é foda.

Na hora de escolher um pós-doc, fico na dúvida, pois há outras coisas na minha vida que são muito importantes, e conciliar tudo fica difícil. É complicado fazer planos sem saber como estarei daqui a 5, 10 anos (sim, estou falando de planos de médio-longo prazo). Se eu tiver que escolher, como saber qual a escolha certa? Não é uma escolha fácil, e na verdade provavelmente não haja escolhas realmente erradas, mas no fim das contas, se uma coisa implicar em desistir da outra, é complicado colocar tudo numa balança e avaliar o que é mais importante.

Talvez chegue um momento na vida das pessoas em que elas precisam fazer essa escolha, e isso define muito do que elas serão dali em diante. Provavelmente eu esteja me aproximando dessa hora. Se for isso, é bom eu pensar muito bem no que eu realmente mais quero, porque nunca se sabe de verdade quando isso pode virar realidade. Uma coisa é certa: não é fácil se preparar para isso, afinal de contas se a escolha deve realmente existir então as condições para que eu possa seguir este ou aquele caminho devem existir; e isso implica em seguir em ambas as direções o maior tempo que eu puder. Seguir duas estradas diferentes é difícil, e são raras as ocasiões em que elas permanecem próximas por muito tempo.

De certa forma, até acho bom que isso tudo esteja passando pela minha cabeça agora. Encontrei uma coisa muito valiosa nos últimos 14 meses, e quero seguir em frente com ela. Sei que ela vai evoluir muito e que pode se tornar algo tão importante na minha vida a ponto de eu passar o resto dela assim. Ganhei uma perspectiva que nunca tinha imaginado sobre muitas coisas, e tenho percebido tudo de uma maneira diferente, o que me agrada. Começo a ver outras opções além do óbvio, e que embora talvez eu não consiga tudo que sempre quis, fazer concessões faz parte da vida, e vale a pena sacrificar algumas coisas para poder se ter outras.

Como sempre, é tudo uma questão de equilíbrio.

Wednesday, February 29, 2012

Sempre me pergunto qual o motivo de ainda manter um blog. Cheguei à conclusão de que não tenho assunto sobre o qual escrever, porque por mais coisas que estejam acontecendo ultimamente poucas são as que eu acho merecedoras de entrar aqui, já que não gosto de colocar coisas muito pessoais...
Vira e mexe eu penso em escrever sobre variedades, minha opinião nas notícias da semana, coisas aleatórias... sei lá. A verdade é que eu acho que ainda mantenho um blog porque sinto falta da rotina de escrever sempre, como eu tinha no colegial. Eu escrevia redações por esporte.
Outra questão é audiência. Não adianta nada escrever mil páginas por semana se não interessa a ninguém que venha aqui.
No último ano houveram mudanças muito importantes na minha vida, e talvez isso deva se refletir por aqui também. É um assunto a ponderar.
Meditate on this, I will.

Tuesday, February 14, 2012

Tradição quebrada

Sempre tive uma tradição, durante todo o tempo em que tive um blog: por mais que eu estivesse ausente e sem postar nada eu sempre fiz um post de fim de ano, fazendo uma espécie de balanço sobre o ano que terminava e falando das minhas espectativas para o ano seguinte.

Em 2011, quebrei essa tradição.

Não sei por quê isso acabou acontecendo; mas simplesmente me esqueci disso. Havia tanta coisa acontecendo no fim do ano que sinceramente não é nenhuma surpresa, para ser honesto. Entre a correria já natural do fim do ano, horários de trabalho malucos, idas e vindas do hospital e uma (merecida) semana de folga em Monteiro Lobato, a idéia de um post de fim de ano se perdeu no meio da confusão.

É uma pena que isso tenha acontecido, mas na verdade interpreto isso de outra maneira. Para mim isso parece com um sinal de que as prioridades na minha vida estão se alterando de maneira marcante; de fato, em 2011 aprendi muito sobre relacionamentos e a vida adulta, e acho que isso se manifesta na minha personalidade e nas minhas prioridades. Coisas que antes eram tão atraentes que eu mal conseguia me manter afastado se tornaram enfadonhas, enquanto outras às quais eu nunca dera importância começaram receber mais atenção.

Como ouço sempre, é "a vida como ela é"...