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Sunday, April 25, 2010

BsAs, HKI e NYC

Tempos atrás o meu destino mais desejado no exterior não era outro senão Nova York. A Big Apple sempre foi um dos lugares que eu mais quis conhecer. Mas, de uns tempos pra cá, essa prioridade acabou mudando bastante. No fim das contas o lugar que acabei conhecendo primeiro (descontando aeroportos) foi Helsinki.

Talvez fosse o impacto de estar do outro lado do oceano, talvez fosse a minha situação na época (que não vem ao caso)… mas a cidade me encantou. Isso não é segredo e a Finlândia me conquistou, independente de lembranças doces e amargas que trago de lá. E motivos não me faltam para que eu sempre queira visitar de novo, em particular um certo ponto em Suomenlinna que é muito especial para mim de uma maneira muito pessoal.

Mas estou me desviando do assunto. Abri este post tentando falar de Nova York por dois motivos. O primeiro é que no fim das contas nunca cheguei a visitá-la; a primeira chance que eu teria (agora em Julho) acabou não se concretizando e por isso a visita vai ficar para mais tarde. O segundo motivo é uma certa região de Buenos Aires.

O bairro onde estou morando, Recoleta, juntamente com Palermo, me lembra muito Manhattan. Agora, antes que aqueles que de fato já estiveram por lá me fuzilem, vou esclarecer uma coisa: muito embora eu nunca tenha estado lá, também não moro numa ilha deserta isolada do resto do mundo. E já vi imagens de lá em inúmeros lugares, como séries, filmes, jornais, e claro as fotos de amigos que visitaram a cidade. Não é a mesma coisa e é uma visão bem limitada, claro, mas dá uma idéia. E a verdade é que acho a Recoleta e Palermo muito parecidos com o que já vi de lá. Ruas quadriculadas, prédios residenciais antigos com cinco ou seis andares, cafés, restaurantes e lojas de todo tipo na rua, avenidas largas e cheias de carros, táxis e ônibus cruzadas por várias ruas menores e muita, muita gente caminhando. Até as entradas das estações de metrô são parecidas!

No fim das contas, estou achando BsAs um pouco menos parecida com HKI (Helsinki). O que de certa forma é natural, já que são cidades não apenas em países diferentes ou nem mesmo continentes diferentes, mas hemisférios diferentes. Mas ainda há algumas semelhanças incríveis, muitas das quais eu já mencionei em posts anteriores. Mas aos poucos as diferenças aparecem, e isso é inevitável, afinal de contas é tudo uma questão de tempo.

Uma coisa é certa. Não sei sobre Nova York, mas tanto Helsinki quanto Buenos Aires me deram experiências que nunca esquecerei. E algumas dessas experiências foram da mesma natureza de uma forma quase fantasmagórica. Talvez seja isso que deixe essas cidades tão próximas uma da outra.

Ainda quero conhecer Nova York e os EUA. E sei que, eventualmente, se o turismo não me levar à América do Norte algum congresso vai. Mas, por enquanto, ainda tenho quase dois meses de Buenos Aires e muita coisa pra ver. Mas a verdade é que vou estar sempre pensando nos meus próximos destinos.

Saturday, April 17, 2010

Argentinos e Brasileiros

Voltando à programação normal, queria falar mais um pouquinho de impressões que tive aqui no dia-a-dia. Originalmente o assunto de que eu queria ter falado no post completando um mês em Buenos Aires!

Uma coisa que pra mim ficou evidente muito cedo é que é uma coisa visitar um país por alguns dias e outra completamente diferente passar um período mais extendido de tempo nele.

Quando se passa somente alguns dias o cronograma geralmente é meio apertado: ou se está meramente a passeio e a vontade é ver o máximo possível já que o tempo é limitado ou então se vai a trabalho e aí o negócio é tentar ver pelo menos alguma coisa no tempo livre que se puder conseguir.

Quando a situação muda de figura e a gente se vê em algum lugar por alguns meses (ou mais, né @AlePacini? ;]) o risco é outro: deixar de visitar lugares pensando “posso ir mais tarde, vou ter tempo pra isso depois”. Esse risco é sério, afinal de contas quando a gente vê o tempo correu e não temos tempo pra ver nada; aí acabamos caindo na situação anterior.

Mas quando conseguimos evitar esse risco aí temos uma oportunidade fantástica: aproveitar ao máximo cada atração que quisermos, se a preocupação de sair correndo pra ir ver outra coisa no mesmo dia. Passear sem pressa, sem se preocupar com horário de chegar a outro lugar, nem nada disso. Afinal, há tempo para tudo. Pode-se ir a San Telmo num dia, passear pela Florida (a rua, não o estado dos EUA) no outro… planejar uma pequena viagem a Colonia del Sacramento… enfim, as possibilidades são inúmeras.

Mas a grande vantagem de se passar um tempo mais longo no mesmo lugar não é a chance de realmente aproveitar as atrações do lugar. A grande vantagem é deixar de ter aquela visão limitada à que o turista quase inevitavelmente fica preso quase sem perceber. É poder presenciar o dia-a-dia do lugar. E, assim, vê-lo como ele realmente é, e não apenas o lado dos passeios, festas e turismo.

Um fato curioso por exemplo é que as pessoas por aqui fumam muito. Mais preciso talvez seja dizer que muitos argentinos fumam. Sei lá por quê, mas o fato é que cheguei a ver um motorista de ônibus fumando enquanto guiava. Claro, esse foi um caso extremo; mas, ainda assim, é bem comum ver alguns cigarros ao olhar em volta enquanto se caminha pela calçada.

Outra coisa que notei (na verdade alguém comentou comigo e estou repassando) é que existem dois tipos de argentinos: os europeus e os latinos. Aqui a miscigenação foi menos intensa, e por isso os povos estrangeiros não se misturaram tanto com os nativos. Essa diferença fica clara ao se observas as pessoas nas ruas: parte delas tem traços muito parecidos com os das pessoas dos países andinos: pele mais escura, rosto mais largo cabelo mais escuro e estatura um pouco menor. A outra parte tem traços um pouco mais europeus, com pele clara, rostos mais finos. E, tenho que dizer, os narizes aqui quase sempre chegam na frente. Isto posto, é bom esclarecer que as argentinas não são exatamente mais bonitas que as brasileiras. Tampouco são menos bonitas. A diferença é que a beleza das brasileiras via de regra vem da miscigenação: a mistura genética advinda da grande quantidade de etnias presente no povo brasileiro gera um número enorme de possibilidades, e em uma população de 190 milhões de pessoas algumas dessas possibilidades se concretizam. O caso das argentinas é diferente: elas têm um certo ar de elegância latente, algo que emana naturalmente delas. Em outras palavras, mais uma vez a “vantagem” do Brasil está nos números: quantidade gerando qualidade. As argentinas são mais bem cuidades que as brasileiras, daí vem a beleza delas (o que, na minha opinião, é extremamente atraente). é bom lembrar que isto é uma generalização. Não só conheci argentinas que não se cuidam, mas vi algumas atrocidades caminhando pelas ruas (algumas pessoas por aqui acham engraçado abusar do bronzeamento artificial… ew.). E conheço brasileiras que se cuidam muito bem.

Outra coisa que me chamou a atenção é que aqui as pessoas têm um interesse maior pela política que no Brasil. Por lá me canso de ver gente que se orgulha por “não se envolver”. Aqui as pessoas conversam sobre o que acontece no parlamento, não sobre este ou aquele julgamento. Sejam eles partidários de Cristina Kirchner ou da oposição, eles fazem questão de ter opinião, e discutem o assunto nas rodas de mate ou na mesa do almoço. Não é à toa que o CQC nasceu aqui! A Argentina, senhoras e senhores, não é apática. E é essa a diferença fundamental entre ela e o Brasil. Não sei se isso é um fenômeno recente ou não, mas algo me diz que é. Depois de ter passado os últimos anos aos trancos e barrancos la nación está tomando jeito. E é deprimente ver que não apenas eles mas toda a América do Sul olha para nós procurando por liderança, e nossos líderes fazem amizade com as pessoas erradas. Me disse um conhecido paraguaio: “aonde o Brasil for a América do Sul vai atrás porque ninguém é besta de contrariar”. Espero que o Brasil acorde logo e perceba que está indo na direção errada.

Thursday, April 15, 2010

Primeiro mês

Anteontem completou-se um mês desde que cheguei a Buenos Aires.

Nesse meio tempo conheci muita gente de vários lugares diferentes, conheci muita coisa, experimentei outras. Aprendi muito. Corri riscos. Aprendi com erros do passado, procurei novos erros para cometer. Na verdade, este mês valeu por vários.

Uma coisa é certa - se vier a Buenos Aires, não ache que porque está perto do Brasil o seu banco vai ser de alguma ajuda. Previna-se de todas as maneiras que puder. Aqui há agências de vários bancos que são encontrados no Brasil: Itaú, HSBC, Citibank... mas não conte com usar seu cartão sem antes passar por alguma burocracia. Vá até sua agência, mostre seu cartão (e tenha certeza de que sabem qual tipo de cartão é o seu) e confirme se vai funcionar. Não saia sem a certeza de que está tudo em ordem. Não suponha que simplesmente tudo vai dar certo. Se você é cliente do Banco do Brasil saiba que, ao contrário dos outros bancos (que na verdade são contrapartes argentinas dos brasileiros), eles têm uma agência no Microcentro (San Martin 363, 2° andar) - mas não conte com ela para muita coisa. A menos que te aconteça um desastre, talvez seja uma boa idéia procurar a embaixada de uma vez para pedir ajuda. O segredinho sujo que o BB não conta é que, muito embora haja caixas eletrônicos lá, eles têm o saque desabilitado. Não só isso, mas a agência é corporativa, o que significa que você não vai poder entrar casualmente e pedir qualquer coisa ao caixa. Também é bom saber que se você é portador de um cartão de crédito e algo acontecer ao seu cartão, você estará em maus lençóis. Os carões de emergência que as administradoras mandam nessas ocasiões não são aceitos pelos bancos argentinos - deveriam, mas não são.

Minha dica é trocar seus reais por pesos antes de sair do Brasil e carregá-los em uma doleira. Se você for passar um período de tempo mais longo (como é meu caso), considere a opção de combinar com um amigo para ele te transferir o dinheiro via Western Union caso não seja possível usar seu cartão no exterior. A menos, é claro, que esteja vindo para trabalhar, aí o jeito é abrir uma conta num banco daqui mesmo. Fica a dica.

Eu queria ter feito um post diferente ao completar um mês na Argentina. A verdade é que estou adorando este lugar. Buenos Aires já é uma das minhas cidades preferidas. Meu próximo post será sobre isso. Infelizmente depois do que eu passei com relação a bancos e dinheiro nos últimos dias, achei que era importante dizer essas coisas. É realmente patético o fato de que, em um mês na Argentina, quem mais me ferrou a vida foi uma empresa do meu próprio país. Maldito seja, Banco do Brasil. Maldito seja.

Monday, April 05, 2010

Buenos Aires x Helsinki - round 3

Meu feriado de páscoa se passou, na maior parte do tempo, dentro de casa. Em parte porque o tempo não colaborou muito, e dias nublados favorecem minha preguiça. Ontem, entretanto, o sol apareceu um pouco e resolvi sair pra caminhar um pouco; já fazia algum tempo que eu queria voltar a Puerto Madero e dar mais uma volta por ali.

Depois de almoçar e enrolar um pouquinho acabei saindo de casa e pegando o metrô até a Praça de Maio (onde terminam/começam as linhas de metrô) e fui caminhando até a Puente de la Mujer, que é um dos cartões postais do lugar. Ela foi desenhada para representar um casal dançando tango.

From Chico en Argentina
Atravessando a ponte há uma pequena região com vários prédios corporativos novos, e uma pequena área residencial. Passando por ali tive uma grata surpresa: o Parque Mujeres Argentinas, mais um exemplo de como Buenos Aires é realmente um pedaço da Europa na América do Sul. Um gramado imenso, com muitas árvores e espaços amplos, com pessoas curtindo o domingo de páscoa. Lembrou um pouco o Parque do Ibirapuera, mas sem aquela fixação por funcionalidade - cada pedaço do parque paulistano parece ter sido projetada com algum objetivo específico. Aqui esse não é o caso: trata-se apenas de um espaço amplo e gramado onde as pessoas podem fazer um lanche, jogar bola ou simplesmente tirar um cochilo.

From Chico en Argentina
Dali fui para a Reserva Ecológica Costanera Sur, uma reserva natural "artificial". Digo artificial porque a ilha onde o parque se encontra foi construída com material retirado de prédios demolidos, bem como do desassoreamento do Río de la Plata, durante o regime militar. O lugar foi declarado uma reserva ecológica em 1986 e é o lar de várias espécies selvagens que normalmente não se encontraria em uma metrópole, como salgueiros e acácias e animais como flamingos, garças, patos e papagaios. Mas eu também vi uns preás por ali...
O fato curioso é que isso se encaixa bem com a impressão que tive quando cheguei aqui de que Buenos Aires e Helsinki são cidades parecidas. Buenos Aires tem a Costanera Sur; Helsinki tem Suomenlinna. Claro, há diferenças: no caso finlandês a ilha é natural, e é utilizada já há muitas décadas não somente para propósitos militares mas é considerada uma cidade separada de Helsinki. Entretanto, ambas foram "remodeladas", por assim dizer, para atender a propósitos turísticos e de lazer. Em ambas as pessoas vão passear com cestas de pique-nique, passear de bicicleta, caminhar... enfim, um típico programa de fim de semana, com alguns visuais muito legais (como o da foto acima) e uns pontos realmente muito agradáveis para simplesmente sentar e ficar sossegado, relaxando ou lendo um livro. Suomenlinna, é claro, tem mais atrações e é mais bem cuidada, mas por outro lado estamos falando da Europa, onde as coisas são em geral mais bem cuidadas mesmo - e mais antigas. Isso não torna a Costanera Sur um lugar menos interessante, diga-se de passagem. O lugar é muito bem cuidado, e tem vários pontos excelentes se o que você procura é um lugar sossegado, tranquilo e silencioso, com o som das ondas ao fundo. Mas não é parada obrigatória para quem vem a Buenos Aires.

Suomenlinna, por outro lado, é um must see para quem passa por Helsinki, assim como a feira do porto antigo e a região central da cidade.

Fecho este post com uma foto que tirei com o celular, e que mostra porque os Argentinos têm um excelente senso de humor: o adesivo da janela do metrô com o número de SMS para emergências.

From Chico en Argentina
Kunnes seuraava!